sexta-feira, setembro 07, 2007

Perdido pelos Casais de Folgosinho...

22 de Julho de 2007




Com a cabeça no "banquete" d'O Albertino!
Do Mondeguinho ao indescritível Covão da Ponte...
Pelos confins do mundo - Sra. de Assedasse.
Perdido pelos Casais de Folgosinho...
Um saltinho da Portela de Folgosinho ao dito povoado.
O "banquete"!
"Penando" pela Calçada Romana dos Galhardos...
"Ouvindo" o "diabo", rindo e dançando, lá no Alto da Santinha...
De talega pelo Malhão e Taloeiro!
Finalmente, o Sabugueiro.


(A crónica):
Após a jornada louca de há cinco dias, agendei para hoje novo desafio: ir encher o bandulho ao “Albertino”, subir a Calçada Romana dos Galhardos e conquistar o cume do Alto da Santinha
Claro que o objectivo moralizador era a pândega no “Albertino”. Depois viria a “sobremesa”…

Arranco do Sabugueiro, onde passei a noite, em direcção … à estrada nacional proveniente de Seia!!
Há anos que tenho curiosidade de saber as pendentes do famoso empedrado do Sabugueiro, pelo que não perco esta oportunidade de começar já a “malhar” … E para moer ( e remoer) o pequeno almoço aproveito o troço inicial de 400 mts a 14%. Depois é quase sempre a subir, por alcatrão, até ao topo, após o Mondeguinho.
Segue-se a descida até à Pousada de São Lourenço, onde entro no trilho e inicio a viagem à la carte. Num ápice chego ao Covão da Ponte, que está esplendoroso, como sempre! Deixo aqui três fotos, consciente de que não transmitem uma centésima da beleza do local. É preciso lá estar para a “desfrutar” na sua plenitude…





De novo “sentado”, lá vou eu à descoberta do caminho que leva à Sra. de Assedasse.
Para não perder o hábito, tenho de voltar atrás logo no primeiro que escolho… Estes cartógrafos só me lixam… Mas, à segunda, é de vez. Sempre pela margem esquerda do Rio Mondego chego rapidamente ao lugarejo. Trata-se de um reduzido número de casas de pedra e telhado de colmo com uma capelita patusca a acompanhar.

Meto conversa com a ti’Emília, habitante lá da tribo (já só sobram três, com o seu esposo, o ti’Albino, e o pastor Hermínio – aconselho vivamente o visionamento do fabuloso documentário do jornalista Jorge Pelicano intitulado “Ainda há pastores?”) para lhe fazer um pouco de companhia e saber um pouco sobre a vida actual naqueles locais recônditos. Fico estupefacto quando a senhora me diz que não conhece a Taberna do Lagar, lugarejo semelhante a poucos quilómetros dali, nem muitas outras aldeias das redondezas.


Blog: Ainda há pastores?
Vídeo de apresentação: Ainda há pastores?

Retomo a minha “cavalgada”, despedindo-me dela e acenando ao marido que anda por lá numa horta montado num tractor, e tomo o estradão que leva à Portela de Folgosinho. É por demais evidente que esta é a principal via de acesso para estas bandas, estando em condições razoáveis. Aqui, não há que enganar. É sempre a subir … até lá aciiiiiiiiiiima…
Após quase 5 Kms muito “regulares”, a 7% de média, e onde a monotonia originada pelo silêncio magistral vai sendo quebrada com a beleza da paisagem que se vai abrindo “lá em baixo” deixando os Casais a descoberto, chego ao cruzamento da Portela.
Ainda penso arriscar a descida pela Calçada Romana dos Galhardos, mas opto pelo maquedame, pois está quase na hora marcada para almoçar e não quero chegar atrasado ao povoado de Folgosinho (chegar atrasado ao “Albertino”?! Nem pensar!!).
Ainda tenho de esperar um pouco pelo pessoal que pernoitou comigo no Sabugueiro e vem de automóvel, mas lá vamos ao festim…

(Após quase três horas)

Uuuuiii… Mas que grande barrigada (só mesmo quem já manjou no “Albertino” entende o que quero dizer…).
Depois do aperitivo final (para ajudar a esquecer o que aí vem…) deito-me uns 15 minutinhos num banco do jardim em frente, a esticar-me, tentando aconchegar a zona abdominal que parece apresentar uma pendência pouco vulgar…
Sinto-me um barril, quando monto a bicicleta… A coisa vai ser penoooooooosa…
Volto a olhar a carta militar e de soslaio para os meus amigos “trocistas”, mas não há alternativa… Há que subir… E muito!!
Talvez de juízo traído pelo tinto, decido investir pela Calçada Romana… “Já que não a desci, subo-a!”, penso…
ERRO!!
Apesar do piso terrível devido às pedras desalinhadas, ainda consigo ir pedalando durante o primeiro quilómetro. Mas depois… Ui, depois… Oh, oooh… Nem comento!...
Então o último “paredão” … é mesmo de fugir ... aos gritos … e nunca mais pensar em bicicletas!!
Que coisa mais aterradora. Valem, ao menos, as vezes que vou olhando para trás, para ver as vistas, enquanto vou acartando a bike (… e a barriga…), a pé, calçada acima.
Não tenho qualquer vergonha de confessar que andei a penar uns bons 500 mts, onde se sucediam inclinações de vintena acompanhadas de um piso muito mau… Aquilo, nem a descer… Bem… A descer faz-se… Mas a subir é impossível!!
Já na Portela volto a consultar a carta e decido descer (de novo) em direcção a Folgosinho (!!) para … apanhar a subida para o Alto da Santinha!! Pois… O tinto faz destas coisas…
Desço rapidamente para não ter tempo de reconsiderar a opção masoquista que tomei e … lá está ela…
Bem… Inicialmente nem é assustadora. Há bem pior… Mas, …
Mas depois, com uns 800 mts percorridos, a coisa começa a azedar… E eu de barriga cheia… E após uma curva à direita… Uuuiiiiiii… Que visão…
Lá vou dando aos pedais… O inclinómetro não chega aos 20%, pelo que aquilo nem é tão mau como parece… Mas que me custou, custou!!
Ao chegar à estrada para o Alto de São Tiago descanso um pouco … ajeito a pendência abdominal … e sigo para a Santinha. Esta fase tem duas rampas inclinadas, mas faz-se em bom ritmo. Depois…
Depois, é (quase) sempre a descer de talega (yeeesss…)…
Ainda se sobe um pouco para vencer o Alto do Malhão, seguido do Taloeiro, mas de resto, é sempre a “aviar cartucho”.
Entro no asfalto, já ao entardecer, perto do Mondeguinho; e sigo directo para o Sabugueiro onde, após um duche e para não perder o (mau) hábito, reponho, num restaurante local, as calorias “perdidas” na jornada…

Dados das subidas realizadas:
- Mondeguinho (vertente do Sabugueiro): distância – 8.900 mts, altitude – 1.423 mts; desnível – 373 mts; pendente média – 4,2%; pendente máxima - 17%; estrada asfaltada.
- Portela de Folgosinho (vertente da Sra. de Assedasse): distância – 4.850 mts, altitude – 1.280 mts; desnível – 340 mts; pendente média – 7%; pendente máxima - 13%; estradão.
- Portela de Folgosinho (vertente de Folgosinho – Calçada Romana dos Galhardos): distância – 3.100 mts, altitude – 1.280 mts; desnível – 323 mts; pendente média – 10,4%; pendente máxima - ~27%; calçada romana.
- Alto da Santinha (vertente da Portela de Folgosinho): distância – 3.800 mts, altitude – 1.609 mts; desnível – 369 mts; pendente média – 9,7%; pendente máxima - 19%; estradão.

Observação: a Calçada Romana dos Galhardos, em Folgosinho, é assim denominada devido às suas fortes inclinações. Diz a lenda que esta calçada foi erigida por diabretes (galhardos) e a isso se devem essas pendentes.
.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Boa tarde:
Neste fim de semana, num passeio pela serra da estrela, onde visitei a linda aldeira de Folgosinho, perto da N. Srª da Assadesse, encontrei uma árvore que dá umas bagas a que os pastores me disseram se chamar-se Pestogeiro (?)
Não encontro na net nenhuma referência a esta árvore.
Será que alguem me poderá esclarecer do nome verdadeiro?
Obrigado
António Matos
Se alguem quiser fazer o favor de me dar este esclarecimento, poderá fazê-lo para o mail aamec@iol.pt
Os meus agradecimentos

segunda-feira, setembro 08, 2008 2:05:00 da tarde  

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