sábado, junho 26, 2010

Travessia GERÊS-ESTRELA, Saloios à Descoberta, 3 a 6 Junho 2010

Um grande evento na companhia dos Saloios à Descoberta.

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Nota:

Este Blog tem muita informação editada, pelo que é lento a ser descarregado pela net...

Contudo, é a melhor maneira que tenho de partilhar convosco o "martírio" que é esperar pelo Lopes quando pedalo com ele...

Acho simpático partilhar esta sensação convosco. E quem já pedalou com ele ... sabe muito bem do que falo!!

quinta-feira, janeiro 15, 2009

Crónicas das voltas mais recentes

As Crónicas das voltas mais recentes têm sido redigidas por outro fraquinho: O Entrevado.

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quarta-feira, dezembro 03, 2008

... "lambendo as feridas" após a pavorosa Calçada ...

16 de Novembro
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Pinto, Marques & Sousa - p'los Casais de Folgosinho!!

15 de Novembro de 2008
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2º Megapasseio de Lousa

5 de Outubro de 2008
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Ataque à Torre!!

7 de Setembro de 2008
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... o sofrimento ... a agonia ... o GR22 ...

15 de Julho de 2008
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domingo, julho 06, 2008

Maratona de Pombal Vulcal 2008


29 de Junho de 2008





Clássica dos Trepadores


25 de Maio de 2008


Serra do Socorro


17 de Maio de 2008


Monforte da Beira

11 de Maio de 2008



Santa Cruz

3 de Maio de 2008










2º Duatlo da Valada

30 de Março de 2008
















terça-feira, março 18, 2008

Até que enfim ... o Alto do Trevim!!

16 de Março de 2008



Uma dúzia à Lousã.
Após uma grande descida…
Eeeehhhhh… Tantos paralelos…
… GPS … Isidoro … perdidos …
O que é aquilo??!!
O grande “martírio”…
Onde é que pensas que vais?
Tão perto … mas tão distante …
SPRINT!!
No Alto do Trevim!
Um churrasco a 11 graus!
A paisagem, as cabras … e o Power Ranger!!
Batendo os dentes…
Olha tantos, lá à frente…
"Queda livre" c’um “necrófago”!
Pedalando pelas “aldeias do nunca”!
Manada em fúria…
O quilómetro final.
É só “abutres”…
De novo em pelotão compacto: “reposição das calorias perdidas”.


(brevemente, a crónica duma aventura inesquecível)
(ainda por editar: "Nova aventura na Serra da Estrela" e "3 Diabretes à procura de Galhardos")
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sábado, março 15, 2008

Évora, que miragem… ou o estoiro do costume!!

3 de Março de 2008




Bem, deixa cá esticar os dedos e ver se já consigo teclar…

snkfk nj TOU fjnakjs TODO kbvjbakdf FOD*** ennldk,mvli

Parece que sim!!

Então vamos lá:
A história de hoje é curta e original e obedece ao seguinte ditado: “Mostra-me o que treinas, dir-te-ei o que pedalas!”.
Após um louco desvario e demonstrando um optimismo exacerbado, decidi “acompanhar” os Selvagens do Asfalto na Clássica de Évora de 2008. São só uns 140 quilometrozitos, com uns topozecos, pelo que até a minha avó menos saudável, a marreca, está tentada a participar. Lá a convenço a ficar em casa mostrando-lhe que não tem o meu arcaboiço, conseguido com inúmeros passeios de fim de semana…

Desço até às bombas da BP, no Fanqueiro, e o ambiente já fervilha…
Dizem-me que vem uma equipa de Negrais, que vêm os Pina Bikers e mais uns outros. Eu fico incluido na equipa dos “Quem não pode … arreia!!”.
Após o cafezinho com o Farinha, que saiu a correr esbaforido para ir a casa tomar, ao que parece, uns comprimidos para a tosse convulsa, monto a “burra” e inicio a jornada na cauda do pelotão.
A minha táctica é complexa e muito bem elaborada: ir sempre na cauda do pelotão de maneira a … apear sem ninguém dar conta!!
Inicialmente o ritmo é “agradável” o que permite ir conversando com inúmeras criaturas (ao todo somos para aí uns 40…) que dividi em duas categorias: as que já espumavam pela boca e as que iam espumar pela boca.
Em Vila Franca de Xira devem ter tirado o açaime às alimárias lá da frente, pois lançaram o pelotão a mais de 40 à hora pelos “calhaus” da estrada principal… Lá consegui, com muita arte, mantê-los à vista e evitar chegar à ponte com as rodas quadradas…
Depois da ponte os “bichanos” acalmaram, permitindo a entrada de quem tinha perdido o contacto. Aqui, um nevoeiro frio e desagradável tornou-se companhia constante durante longos quilómetros.
Eu lá ia tentando encontrar quem conversasse comigo. Mas, poucos pareciam dispostos a gastar calorias para ir mexendo os maxilares... Só os mais “fortes” (Filipe, Steven, César…) se deram a esse “luxo”!! E o Nuno Garcia lá me ia dando inúmeros conselhos sobre a colocação no pelotão (não sei porquê, mas tenho uma tendência danada para “cair” na cauda do dito e desatar a pedalar atrás do gajo quando a coisa começa a "azedar"…).
Nas Taipadas pude parar para comer, devido ao furo de um companheiro. Depois lá retomámos a cavalgada a 30 à hora…
Estas rectas intermináveis são um bocado maçadoras e só os diálogos quebram a monotonia…
Em Pegões atraso-me um bocado, enquanto empurro pelo canal da couves uma barra nada apetitosa e no topo de Bombel tenho umas sensações estranhas nas pernas que não auguram nada de bom…
Abeiro-me do Filipe e digo-lhe que não duro muito mais, pois sinto que as minhas “amigas” vão visitar-me em breve…
Em Vendas Novas atraso-me de novo, enquanto engulo mais uma mistela intragável e pouco depois, em Silveiras, quando até estava bem integrado no pelotão, sou atacado por uma cãibra que teima em não me largar… Tenho de deixar de dar aos pedais, vendo todo o pelotão a passar por mim e na tentativa desesperada de alongar a perna, nova cãibra, agora na perna esquerda!
O conta-quilómetros vai “descendo” … 25 … 20 … 15 … 10 …
E eu sem conseguir tirar os pés dos pedais…
Tenho de imediato um dejá-vu de uma situação semelhante do passado e entro em pânico: “Queres ver que me vou esparramar ao comprido no asfalto?!...”
Finalmente, consigo sacar o pé esquerdo e ponho-me a alongar…
Tento montar uma primeira vez … cãimbra … desmonto … alongo … tento montar … cãibra … desmonto … alongo …
Quando já estava a entrar no ritmo deste ritual chega a “Pick Up vassoura” dirigida por um simpático camarada que me faz uma proposta irresistível: “Queres entrar?”.
Ainda tento montar mais uma vez … cãimbra … desmonto … alongo … e entro para a Pick Up!
O “meu salvador” ainda me pergunta se quero que me leve até ao pelotão, mas depois de sentar o rabo naquele banco tão confortável nem a ferros me tiravam dali.
Damos meia volta para ir ajudar dois companheiros atrasados que conseguiram estoirar ainda mais rapidamente do que eu!! Mas, eles ficam entregues à carrinha que já os acompanha.
Depois, passamos pelo pelotão, onde vai o grande Evaristo a puxar que nem um doido (ainda bem que só faz disto na estrada…) e onde está integrado o Filipe (na realidade a “minha equipa” do trilho).
Ao subir Montemor o pelotão fica todo estilhaçado. Lá vou “ajudando” o Filipe “veterano” a chegar à roda do Abel, mas isto é segredo, pois ele pediu-me para não dizer nada a ninguém…
O outro Filipe, "o necrófago", qual macaco de imitação, não pode ver um gajo sentado… E vai daí, só para fazer pirraça, senta também o rabo no belo estofo de uma carrinha.
Já em Évora, lá está o Farinha, com as graçolas do costume, intercaladas com o mastigar dos últimos comprimidos, os quais parecem tornar-se inócuos em percentagens de inclinação superiores a 2%...
O Freitas e o Pina também me parecem muito divertidos, enquanto falam de Pick Up’s, carrinhas, vassouras, cadeiras de rodas e outros artigos do género…
O Nuno Garcia também deve estar muito divertido, mas pelos vistos ninguém sabe dele, pois todos perguntam: "O Garcia já chegou?"
Também muito divertidos estão os veteranos Abel e Filipe que se fartam de meter comigo.
O Steven e o César pouco falam e parecem-me ... tão empenados como eu...
O Evaristo, esse está eufórico, rejubilando com a sua grande prestação, só possível com o inteligente jogo de equipa que eu e o Filipe fizemos ao entrarmos nas viaturas deixando todo o pelotão na expectativa…

Seguiu-se a almoçarada, para mim o melhor momento da jornada, e o retorno a Loures, de autocarro.
E lá foi mais um empeno, a repetir com toda a certeza, se até ao próximo não ganhar juízo…


Seguem os dados da minha “magnífica” prestação:
96 Kms a 31,6 Km/Hr de velocidade média na bicicleta, 44 Kms a 70 Km/Hr de velocidade média na Pick Up (esta acho que ninguém bateu…), 5 cãibras,1 estoiro monumental, 2 copos de vinho e mais umas comezainas…

Quem quiser ver este giro numa perspectiva da vanguarda do pelotão carregue aqui.
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terça-feira, março 11, 2008

Maldita Capelã!!

24 de Fevereiro de 2008




Devido ao terreno lamacento derivado das últimas chuvadas, o trilho proposto é “negro”, pelo que vou para o Nanni de “estradeira”. Já lá estão o Paulo Sousa e o Filipe. O primeiro de BTT com rodas finas; o segundo de “estradeira” … com duas pedaleiras… (Eh, eh…).
O Sousa parece estar com vontade de rumar à Ericeira
O Filipe quer meter quilómetros visando a preparação para a Clássica de Évora na companhia dos “Selvagens do Asfalto”…
Mas, com alguma sorte (e algum jeitinho também…), optamos para ir lá p’rós lados d’Arruda dos Vinhos… E isso quer dizer, lá p’rós lados da CAPELÃ
Arrancamos vagarosamente e pronuncio a “palavra maldita” (Capelã) para testar a reacção dos meus companheiros… Ninguém se queixa o que me faz de imediato ficar com uns pensamentos maquiavélicos…
Passamos pelo Tojal e ao deixarmos Bucelas inclino a bike para a rampa de Santiago dos Velhos, mas eles não querem ir por ali, pelo que continuamos em frente, para o Forte de Alqueidão. No problem… Hei-de levar a água ao meu moinho…
O Filipe, motivado pelos treinos nocturnos que tem feito, mete um ritmo “rijo” durante toda a subida, sempre na frente do trio.
Após o Sobral de Monte Agraço descemos até Arruda. O Filipe continua na frente e entra na povoação destacado. Vou conversando com o Paulo que me diz que temos de nos apressar para não o deixar fugir, ao que lhe respondo: “Deixa-o estar que daqui a pouco vamos dar umas boas gargalhadas à sua custa…”.
Tomo a vanguarda, conduzindo-nos ao “martírio”. Esta subida é uma estreia para eles, mas como sou “amigo”, aviso-os logo para deixarem alguma “gasolina” para as rampas finais. O Filipe fica logo com “azia” e começa com umas resmunguices sobre a minha tripla. Fica então o meu desafio: só meto a “avózinha” se ele não aguentar o 39x25. E, sendo assim, lá me resigno a acartar um incómodo 42x24 que me obriga a ir de pé logo nas rampas iniciais a 12%.
O Sousa mete um passo mais “confortável”, mas o Filipe está endiabrado e vai sempre ao meu lado a “apertar” comigo! Claro que fico radiante com a “ousadia”, pois sei bem o que lhe vai suceder lá em cima…
Sensivelmente a meio da subida (após 1,3 Kms), ao fazermos uma ligeira curva à direita que deixa a descoberto o “petisco” que precede … o “verdadeiro petisco”, o gajo entra em sobressalto e pergunta-me por onde vamos, visto existir um caminho alternativo para a esquerda… Eu respondo-lhe a rir: “Não há que enganar, camarada! É sempre em frente!”.
E foi neste preciso momento que o caldo entornou!!
O gajo ficou possesso, começou com uma granda resmunguice (que nele até nem é nada habitual…) e disse que não ia por ali … e que ia esperar pelo Sousa … e não sei que mais…
Eu ainda o tentei animar, mas … nada feito…
Lá continuei, devagarinho … e a borbulha do inclinómetro a subir…
Já na fase da “agonia”, olho para trás, não vejo ninguém, e penso cá para os meus botões: “Bolas!! Vou aqui a agonizar com o prato 42 e o Filipe não está aqui para ver…”.
Meto a “avózinha” e fico logo mais aliviado o que me permite enfrentar a rampa mais inclinada (21% de inclinação máxima) com um sorriso nos lábios (tinha de ser, pois estavam lá quatro marmanjos a olhar para mim com um ar trocista…). Ao chegar ao topo, um pouco antes da localidade de Carvalhal, aguardo pelos meus dois companheiros, na expectativa...
Passado um pouco, chega o Filipe, um bocado carrancudo e de poucas palavras, pois vinha meio afogueado… Contudo, parecia estar a queixar-se da pedaleira e a dar graças à sola aderente dos sapatos…
Nisto, chega também o Sousa … a rir!!
E desabafa: “É pá! Quando o gajo desmontou naquela rampa, até estava a cambelear!! E os quatro camafeus que lá estavam fartaram-se de rir!”.
Enquanto descíamos para Bucelas por Santiago dos Velhos, lá nos fomos metendo com o Filipe, que continuava a amaldiçoar os 39 dentes.
Como ainda era cedo (e o Filipe parecia estar um tanto ou quanto vingativo…) subimos a Vila Nova e apanhámos o “carrocel” de Tesoureira para Casais da Serra.
Sempre em ritmo vivo, o Sousa passou aqui um “mau” bocado…
No Vale de São Gião o Sousa tem de retornar a Loures, mas o Filipe, com aquela postura “sanguinária” que tão bem conheço, lá me convence a fazer mais uns quilómetros… E eu a topar a cena…
Seguimos até à Malveira, onde nos metemos na estrada para Negrais.
Depois viramos para a Portela. Na curta rampa inclinada que precede a aldeola o gajo deixa-me “pregado” e sinto as primeiras sensações de fadiga muscular…
O sacana do “artista”, fazendo jus ao seu congnome no mundo das duas rodas (“O Necrófago”), não deixa fugir a oportunidade e repete a dose na rampa para Montemuro, deixando-me às avessas com uma cãibra manhosa que quase me obriga a apear…
Depois, e ainda não saciado, volta à “carnificina” na última dificuldade, após Ponte de Lousa. Lá no topo, à minha espera, lá está ele, possuido, vingativo, "o Necrófago", inchado e provocador. Mas, tenho de admitir que desta vez mereci a “tareia”, pois a Capelã não é rampa que se apresente a ninguém (bem… excepto ao Lopes, se também cair na esparrela…).
E lá concluímos mais uma voltinha agradável que serviu de “preparação” para a tirada que se avizinha: a Clássica de Évora.

Dados da subida da Capelã:
– início: rotunda da praça de touros de Arruda dos Vinhos: distância - 2.400 mts, altitude – 346 mts; desnível – 253 mts; pendente média – 10,5%; pendente máxima - 21%.

sábado, fevereiro 23, 2008

A queda de um “mito”…




Sábado, 9 de Fevereiro de 2008

A “coisa” “azedou” logo à partida, tendo em conta os três “desgraçados” que compareceram no Nanni: eu, o Hugo e o Alex
Dando primazia aos bitaites trocados no site dos Infantrilhos, o Roteiro do dia era … o dos Cumes!
Para variar do “aziago” Roteiro original, propus realizarmos o percurso no sentido contrário, desafio que foi de imediato aceite. Como é óbvio não referi os dois “paredões” que teríamos de transpor … muuuuiiito devagarinho … ou a pé!!
Eleito o guia (como é que ainda caem nesta?!...), recorro à habitual táctica do Isidoro - QPM (Quanto Pior, Melhor!) - para não me enganar. A estratégia é muito simples: em caso de dúvida … sobe-se!! … e sempre pela vertente mais inclinada!!
Arrancamos em direcção à Manjoeira, por A-das-Lebres. Sempre em ritmo vivo chegamos a Pinteus e descemos ao Restaurante “Os Pneus”. Passamos a ponte do Trancão e trilhamos pela rampa dos drop’s que leva à Pedreira onde experimentamos um inédito sigle-track. Descemos a Pedreira pelo caminho cimentado e chegamos ao primeiro “mito” do dia: a “parede” da Central pela vertente do túnel da CREL.
O Hugo já não se recorda da última vez que conseguiu subir “aquilo” tudo montado, mas eu recordo-me perfeitamente que … nunca o fiz! O piso está aderente pelo que existe hoje uma boa oportunidade para uma estreia.
O Hugo vai na frente e passa o primeiro troço. Eu vou no encalço e passo também. O Alex é que não achou muita graça ao “degrau” ... e apeou.
Após a curva à direita e sempre no encalço do Hugo, preparo-me para o pior…
A “coisa”, medonha, ultrapassa os 30%... O 22x34 parece um 53x11… A “burra” parece furibunda… Um gajo pedala, pedala, pedala … e não sai do mesmo sítio… e a agonia tolda-nos o raciocínio…
Mas, de repente, a inclinação alivia… PASSÁMOS!! Foi a primeira vez na vida que consegui subir “aquilo” sem desmontar … e parece-me que a segunda que vi o Hugo ofegante!! Radiantes com o feito vamos conversando sobre esta rampa … e outras piores que agora se tornam alvo a abater (Bolores e Sardinhas).
Subimos ao Alto de Picotinhos, e alcançamos o Casal do Andrade pelo campo de tiro.
Trepamos ao Cabeço por um trilho à Isidoro e descemos a Torneiro seguindo para Lousa, de engano em engano… Tinha mesmo de ser… Pronto.
Nova rampa até Carcavelos, longa mas “possível”, onde brilhou o Alex a ensaiar novas técnicas de pedalada; subida ao topo de Montemuro e vertiginosa descida ao Vale do Inferno, via Choutaria.
Na subida de Monfirre começo a ter sensações de fadiga e entro em “poupança”, pois sei bem o que me espera, mas os meus companheiros parecem estar muito empolgados… Ai se soubessem o que aí vinha…
Ao chegarmos a A-dos-Cãos o Hugo tem de seguir por estrada devido a compromissos, escapando à “bonita” surpresa que lhe havia reservado...
No problem!! Não o esmifro a ele … esmifro o Alex!!
Iniciamos a subida após a aldeia e vou dizendo ao gajo onde a “coisa” vai começar a ter mais piada, mas ele parece não achar graça nenhuma…
Mais à frente aponto para o local, que se avista mesmo à nossa frente e ele continua a olhar-me com cara de poucos amigos… E parece-me até um pouco apreensivo!
Subitamente, uma cãibra manhosa “agarra-me” a coxa direita. Desmonto mais rápido que num dos meus famosos “mergulhos” e ando para ali aos saltos sob o olhar atónito do tipo. Após esta pausa (para respirar, eu admito…) lá torno a montar. No cruzamento sigo pela rampa “mais fácil”, pois já não estamos em condições de atacar os 30% do outro mito… Curva à direita… Curva à esquerda… Novamente à direita… E ela aparece!! Tão horrorosa como da última vez que a vi… E longaaaaaaa…
Para “animar” o Alex, que vinha a terminar a última curva, grito-lhe bem alto: “Não levantes a cabeça!”.
Começo a pensar nas palavras do grande Vieira: “Bolas pa estas “paredes”… Mas que gosto mais esquisito o teu…”
Quando já começo a desanimar meto-me a pensar no desgraçado do Alex que vem ali atrás… Talvez venha a espumar pela boca… A arrastar a língua pelo trilho, quem sabe… E não sei bem porquê (pois...) mas estes pensamentos deram-me um ânimo do diabo!! Eh, eh. E portanto, lá vai disto!
Sensivelmente a meio, já na fase mais inclinada (~25%), vejo um tronco atravessado a toda a largura do trilho. “Porreiro!”, penso, “Ora aqui está uma boa desculpa para desmontar!”. Mas não é que consegui passar o raio do tronco!! E, sendo assim, lá tive de continuar o malfadado “martírio”…
Já quase no topo oiço o Alex a barafustar com o tronco que o fez apear, começo-me a rir e enfio a bike no silvado da berma, pelo que tenho de apear também (Ufffff… Estava a ver que não… Obrigado camarada…).
Lá nos arrastamos até ao topo, com o Alex a puxar, pois eu já estou nas lonas; descemos a Vale de Nogueira e enfrentamos o último cume do dia: Montemor.
O Alex exclama: “Bolas!! Por ali?! Aquilo é muita inclinado!!” Mas, cheio de brio, lança-se ao “muro” que nem uma fera! Este camarada tem uma força que impressiona.
Eu, lá vou fazendo pela vida… Sinceramente, nem me lembro muito bem como correu esta derradeira subida, pois só recordo a felicidade que senti ao chegar ao topo…
Lá descemos até Loures e rapidinho para casa, pois de bicicleta, nem quero ouvir falar…


Dados das “paredes”:
- Central de Fanhões – vertente (túnel da CREL): distância - 1.300 mts, altitude – 259 mts; desnível – 187 mts; pendente média – 14,5%; pendente máxima - ~30%.
- Sardinhas – vertente (A-dos-Cãos II): distância - 1.400 mts, altitude – 257 mts; desnível – 173 mts; pendente média – 12,5%; pendente máxima - ~25%.

Este Roteiro foi “escalado” por: Alex, Hugo e Pinto.
59,35 Kms; 1.928 mts de ascendente acumulado; 12 Km/Hr de velocidade média; um mito “vergado”.

Nota: depois de tantos passeios com o “avozinho” (Lopes) já tinha saudades de fazer umas subiditas dignas desse nome… e sempre sem queixinhas (se calhar já ninguém tinha forças para isso…)
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terça-feira, janeiro 15, 2008

Contorcionistas no Avenal!!

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13 de Janeiro de 2008




Mas que jornada louca de pedal, à “Varanda da Estremadura”!!

Consegui convencer o Sousa e o Lopes a largarem o lamaçal e experimentarem as agruras do Avenal
A coisa foi mais ou menos assim:
Eu, sabia ao que ia.
O Sousa, ficou a saber ao que foi.
O Lopes, ainda não sabe bem como foi…

Arrancámos às 8 e piques do Nanni. Não consegui evitar um sorriso “maquiavélico” ao ver o Lopes de “estradeira” … com duas pedaleiras… eh, eh…
Atacámos o Cabeço de Montachique por Malhapão e a coisa começou logo a “cheirar a azedo” quando apareceu um tractor a seguir a Sete Casas e nos metemos no seu encalço, a subir a mais de vinte à hora…
Em amena cavaqueira e ritmo moderado passámos a Póvoa da Galega, Sapataria, Dois Portos, Runa, Matacães, Monte Redondo
Já na Ermigeira, passa-nos um “comboio” liderado pelo Vítor Gamito!! Pois! Esse mesmo!
Convictos que os gajos vão “rebentar”, deixamo-los ir…
E a previsão … estava certa! Mais à frente, na rotunda, lá estavam, 2 deles, a "mudar as águas" no meio das moitas. E nós, solidários, aplicámos a tal táctica que aprendi com os “Selvagens do Asfalto”: FERRO!!
Em Vilar viramos à direita para a “estrada criminosa” … Fico na espectativa, mas … o Sousa e o Lopes, nada dizem…
Mais dois que consegui enganar…

Subitamente, passa de novo o “comboio” por nós…
Mas, desta vez, metemo-nos no carril. Quero ver os gajos a penar “parede” acima! E que visão mais engraçada: vêm todos de pedaleira dupla! E alguns parecem levar o 39…
Logo após a tabuleta à “porta do inferno” (Avenal), todos em pé na rampa de “boas vindas” (500 mts a 13%).
O Lopes começa com queixinhas, mas lá vai dando aos pedais.
O Sousa reencontrou a sua cruz, que há tanto procurava e lá se foi arrastando serra acima, “de joelhos”, qual peregrino…
À entrada do Km a mais de 14% o “ponteiro” vai ao red-line no primeiro “repecho” a 24%... O Lopes vai fazendo umas caretas e uns contorcionismos … mas passa… Os outros contorcem-se, contorcem-se … mas passam também…
O Gamito e outros dois “bonzinhos” como ele parecem estar com alguma pressa e metem um passo mais rápido … mas ainda falta a fase mais dura…
Tento respirar e afastar a habitual nuvem que nesta altura sempre se me atravessa diante do nariz e … vai disto!! Venham de lá esses 24%...
O Lopes mete-se em crenks nas curvas mais inclinadas e vai fazendo uma careta horrenda por pedalada… Ultimamente** tem treinado muito esta faceta… E que tem jeito, lá isso tem !!
Um calmeirão de laranja está, vai não vai, pa cuspir um pulmão e vai andando aos zigue-zagues. Um outro parece-me também bastante engasgado. E vai todo roxo e a babar-se abundantemente… Eu lá me vou rindo dos gajos e gritando vivas à minha tripla…
Após a última curva à direita … o momento de relaxe. O Lopes aparece todo despenteado e puto da vida, quase tão resmungão como o Biker nos seus melhores dias, a amaldiçoar tudo e todos por (mais uma vez) ter ido na minha conversa. O engasgado passa por nós ainda a cuspir e a salivar… O “laranja” passa também, a mandar uns grunhidos à minha tripla… Pois… Rói-te de inveja!
Aguardamos pelo Sousa que vem de … “avozinha”!! Bolas!! Isso também era escusado…
Finalmente, lá seguimos até ao cume e retornamos a Loures por Vila Verde dos Francos, Atalaia e Merceana.
Ainda tento tomar o caminho para Arruda, com a lenga-lenga do costume, para subir a Capelã… Mas, nada feito... Os gajos nem me querem ouvir…
Na subida para o Sobral o Sousa já vai na reserva … e ainda bem, pois após Bucelas soube-me maravilhosamente ir na roda dele…

E lá se concretizou mais um ataque a Montejunto pela vertente dos “duros” (espero que os "fraquinhos" dos Pina Bikers não leiam isto...): a do Avenal.


** nas organizações Gonçalo Pinto


Notas:
Clássica de 120 Kms com 1800 mts de desnível acumulado.

Vertente - Vilar: distância - 9,350 mts; altitude - 658 mts; desnível - 578 mts; pendente média - 6,1%; pendente máxima - 24%; Km mais duro - >14%; Coef APM - 153; Coef APM a cada 100 mts - 211.
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sábado, novembro 24, 2007

3 diabretes à procura de Galhardos…




Sacudindo o gelo das pestanas!
Ai … que me dói!!
Cadê … a Quinta do Fragusto??
O vale encantado … da Quinta da Taberna.
Do Mondego prá Malhada.
Qual dos altos é Galhardos??
O alto da Santinha … pelo canto do olho …
Fugindo da Calçada Romana!!
Rosa Brava.
O “mau”…
Espumando pela boca!!
200 metros “imprevistos”.
Quase, quase, na Portela
Covão da Ponte … que “coisa” linda …
Ainda não estou “morto”!
“Queda livre” na Cruz das Jogadas
“Tripas” à moda … do Sameiro!!
Ao centímetro!!












(brevemente, a crónica)

Nova aventura na Serra da Estrela



Uma noite no “Lacrau”…
O trompete, o trombone, … … … e outros “ruídos orquestrais”…
A cinco (5!!) graus … abaixo (!!) de zero!!!...
Subindo ao “Inferno” pelo Poço do dito.
A bela sandocha no Covão do Caroço.
Valha-nos Nª Srª da Boa Estrela!
De novo na Torre.
Lagoacho … de gelo!
Na interminável calçada de Manteigas.
Adeus “Lacrau” … boa noite “Lontra”!
Aguardando a “orquestra”…












(brevemente, a crónica)

sexta-feira, setembro 07, 2007

Perdido pelos Casais de Folgosinho...

22 de Julho de 2007




Com a cabeça no "banquete" d'O Albertino!
Do Mondeguinho ao indescritível Covão da Ponte...
Pelos confins do mundo - Sra. de Assedasse.
Perdido pelos Casais de Folgosinho...
Um saltinho da Portela de Folgosinho ao dito povoado.
O "banquete"!
"Penando" pela Calçada Romana dos Galhardos...
"Ouvindo" o "diabo", rindo e dançando, lá no Alto da Santinha...
De talega pelo Malhão e Taloeiro!
Finalmente, o Sabugueiro.


(A crónica):
Após a jornada louca de há cinco dias, agendei para hoje novo desafio: ir encher o bandulho ao “Albertino”, subir a Calçada Romana dos Galhardos e conquistar o cume do Alto da Santinha
Claro que o objectivo moralizador era a pândega no “Albertino”. Depois viria a “sobremesa”…

Arranco do Sabugueiro, onde passei a noite, em direcção … à estrada nacional proveniente de Seia!!
Há anos que tenho curiosidade de saber as pendentes do famoso empedrado do Sabugueiro, pelo que não perco esta oportunidade de começar já a “malhar” … E para moer ( e remoer) o pequeno almoço aproveito o troço inicial de 400 mts a 14%. Depois é quase sempre a subir, por alcatrão, até ao topo, após o Mondeguinho.
Segue-se a descida até à Pousada de São Lourenço, onde entro no trilho e inicio a viagem à la carte. Num ápice chego ao Covão da Ponte, que está esplendoroso, como sempre! Deixo aqui três fotos, consciente de que não transmitem uma centésima da beleza do local. É preciso lá estar para a “desfrutar” na sua plenitude…





De novo “sentado”, lá vou eu à descoberta do caminho que leva à Sra. de Assedasse.
Para não perder o hábito, tenho de voltar atrás logo no primeiro que escolho… Estes cartógrafos só me lixam… Mas, à segunda, é de vez. Sempre pela margem esquerda do Rio Mondego chego rapidamente ao lugarejo. Trata-se de um reduzido número de casas de pedra e telhado de colmo com uma capelita patusca a acompanhar.

Meto conversa com a ti’Emília, habitante lá da tribo (já só sobram três, com o seu esposo, o ti’Albino, e o pastor Hermínio – aconselho vivamente o visionamento do fabuloso documentário do jornalista Jorge Pelicano intitulado “Ainda há pastores?”) para lhe fazer um pouco de companhia e saber um pouco sobre a vida actual naqueles locais recônditos. Fico estupefacto quando a senhora me diz que não conhece a Taberna do Lagar, lugarejo semelhante a poucos quilómetros dali, nem muitas outras aldeias das redondezas.


Blog: Ainda há pastores?
Vídeo de apresentação: Ainda há pastores?

Retomo a minha “cavalgada”, despedindo-me dela e acenando ao marido que anda por lá numa horta montado num tractor, e tomo o estradão que leva à Portela de Folgosinho. É por demais evidente que esta é a principal via de acesso para estas bandas, estando em condições razoáveis. Aqui, não há que enganar. É sempre a subir … até lá aciiiiiiiiiiima…
Após quase 5 Kms muito “regulares”, a 7% de média, e onde a monotonia originada pelo silêncio magistral vai sendo quebrada com a beleza da paisagem que se vai abrindo “lá em baixo” deixando os Casais a descoberto, chego ao cruzamento da Portela.
Ainda penso arriscar a descida pela Calçada Romana dos Galhardos, mas opto pelo maquedame, pois está quase na hora marcada para almoçar e não quero chegar atrasado ao povoado de Folgosinho (chegar atrasado ao “Albertino”?! Nem pensar!!).
Ainda tenho de esperar um pouco pelo pessoal que pernoitou comigo no Sabugueiro e vem de automóvel, mas lá vamos ao festim…

(Após quase três horas)

Uuuuiii… Mas que grande barrigada (só mesmo quem já manjou no “Albertino” entende o que quero dizer…).
Depois do aperitivo final (para ajudar a esquecer o que aí vem…) deito-me uns 15 minutinhos num banco do jardim em frente, a esticar-me, tentando aconchegar a zona abdominal que parece apresentar uma pendência pouco vulgar…
Sinto-me um barril, quando monto a bicicleta… A coisa vai ser penoooooooosa…
Volto a olhar a carta militar e de soslaio para os meus amigos “trocistas”, mas não há alternativa… Há que subir… E muito!!
Talvez de juízo traído pelo tinto, decido investir pela Calçada Romana… “Já que não a desci, subo-a!”, penso…
ERRO!!
Apesar do piso terrível devido às pedras desalinhadas, ainda consigo ir pedalando durante o primeiro quilómetro. Mas depois… Ui, depois… Oh, oooh… Nem comento!...
Então o último “paredão” … é mesmo de fugir ... aos gritos … e nunca mais pensar em bicicletas!!
Que coisa mais aterradora. Valem, ao menos, as vezes que vou olhando para trás, para ver as vistas, enquanto vou acartando a bike (… e a barriga…), a pé, calçada acima.
Não tenho qualquer vergonha de confessar que andei a penar uns bons 500 mts, onde se sucediam inclinações de vintena acompanhadas de um piso muito mau… Aquilo, nem a descer… Bem… A descer faz-se… Mas a subir é impossível!!
Já na Portela volto a consultar a carta e decido descer (de novo) em direcção a Folgosinho (!!) para … apanhar a subida para o Alto da Santinha!! Pois… O tinto faz destas coisas…
Desço rapidamente para não ter tempo de reconsiderar a opção masoquista que tomei e … lá está ela…
Bem… Inicialmente nem é assustadora. Há bem pior… Mas, …
Mas depois, com uns 800 mts percorridos, a coisa começa a azedar… E eu de barriga cheia… E após uma curva à direita… Uuuiiiiiii… Que visão…
Lá vou dando aos pedais… O inclinómetro não chega aos 20%, pelo que aquilo nem é tão mau como parece… Mas que me custou, custou!!
Ao chegar à estrada para o Alto de São Tiago descanso um pouco … ajeito a pendência abdominal … e sigo para a Santinha. Esta fase tem duas rampas inclinadas, mas faz-se em bom ritmo. Depois…
Depois, é (quase) sempre a descer de talega (yeeesss…)…
Ainda se sobe um pouco para vencer o Alto do Malhão, seguido do Taloeiro, mas de resto, é sempre a “aviar cartucho”.
Entro no asfalto, já ao entardecer, perto do Mondeguinho; e sigo directo para o Sabugueiro onde, após um duche e para não perder o (mau) hábito, reponho, num restaurante local, as calorias “perdidas” na jornada…

Dados das subidas realizadas:
- Mondeguinho (vertente do Sabugueiro): distância – 8.900 mts, altitude – 1.423 mts; desnível – 373 mts; pendente média – 4,2%; pendente máxima - 17%; estrada asfaltada.
- Portela de Folgosinho (vertente da Sra. de Assedasse): distância – 4.850 mts, altitude – 1.280 mts; desnível – 340 mts; pendente média – 7%; pendente máxima - 13%; estradão.
- Portela de Folgosinho (vertente de Folgosinho – Calçada Romana dos Galhardos): distância – 3.100 mts, altitude – 1.280 mts; desnível – 323 mts; pendente média – 10,4%; pendente máxima - ~27%; calçada romana.
- Alto da Santinha (vertente da Portela de Folgosinho): distância – 3.800 mts, altitude – 1.609 mts; desnível – 369 mts; pendente média – 9,7%; pendente máxima - 19%; estradão.

Observação: a Calçada Romana dos Galhardos, em Folgosinho, é assim denominada devido às suas fortes inclinações. Diz a lenda que esta calçada foi erigida por diabretes (galhardos) e a isso se devem essas pendentes.
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Ataque à Torre - a desconhecida vertente de Vide!

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130 Kms em "estradeira" com 3.700 mts de desnível acumulado...
Da bonita descida a Vila Cova à Coelheira aos 30% da "parede" do povoado de Lapa dos Dinheiros...
Descendo do Alto do Carrazedo...
Ataque à Torre pela desconhecida vertente de Vide! O "muro" de 19% que se segue a Muro... O pequeno povoado de Casal de Rei... A longa rampa após Cabeça... A estreia do novíssimo asfalto da "turística" Estrada de São Bento... TORRE!!
Até aos confins das Penhas Douradas pela duríssima via florestal de Manteigas...
Após o "inferno", o paraíso no Vale de Rossim...


17 de Junho de 2007

Incursão solitária à Serra da Estrela para “desenferrujar” os pedais e dar largas à “loucura dos cumes”!
A saga começa bem cedinho, pelas 8 da matina, à porta do Parque de Campismo do Vale de Rossim. Para ajeitar a “carapinha”, inicio a longa, longa descida até Seia. O ritmo é lento, de maneira a ir apreciando a paisagem sobre as nuvens baixas que lá ao fundo cobrem a lezíria e a resistir ao frio que baixa dos 19 para os 13 graus ao longo da descida…




Com recolha de alguma informação no Posto de Turismo de Seia, sigo pela nacional até à Catraia de São Romão, aproximando-me do primeiro desafio do dia…

Desço a Vila Cova à Coelheira …



… e inicio a escalada ao monumento de Lapa dos Dinheiros. Apesar de curta, esta subida revela-se muito dura, sempre próxima dos dois dígitos de inclinação.


Ao entrar no pitoresco povoado da Lapa e após um quilómetro a mais de 11 %, “enfio-me” pelo “muro proibido” com fulgor… Como castigo, o inclinómetro quase rebenta a escala antes de ser obrigado a pôr-me de pé sobre os pedais para não tombar. Não posso precisar a inclinação máxima deste carreteiro cimentado, mas ronda os 30% na zona mais inclinada!! Quase em desespero para não pôr pé em terra sigo aos esses e em sofrimento extremo até ao monumento. O caminho, diabólico, segue sempre acima dos 14% e não permite recuperar daquela primeira rampa criminosa… É ir “à morte” até lá cima… O 30x24 parece-me mais agonizante que nunca… Que espírito maléfico terá engendrado tão malfadada rampa?!
Paro no monumento e deito-me num banco a recuperar o fôlego sob o olhar atónito de dois jardineiros… Após tão atroz agonia, não fiquei com muitas ganas de repetir esta façanha…
Quando consigo afastar a nuvem que me tolda a visão e esperando ver algum demónio após esta "coisa" infernal, vejo Cristo, de braços abertos, que parece querer saudar qualquer "louco" que se aventure a subir "aquilo" de bicicleta... Não sou crente, mas que me soube bem ver tão acolhedora estátua, lá isso soube...




Aproveito para visitar uns familiares que por aqui residem e faço-me de novo à estrada, em direcção a Valezim


… e ao maior desafio do dia: o ataque à Torre pela vertente de Vide!

Após a Portela do Arão sigo para o Alto do Carrazedo e inicio a descida de 10 Kms que me leva 700 metros mais abaixo, a Vide. Este é o povoado a mais baixa altitude de todo o Parque Natural da Serra da Estrela (aprox. 300 mts). O que se segue é a ascensão à Torre pela vertente que, na minha opinião, é a subida mais dura de Portugal Continental. Tem o maior desnível (aprox. 1.700 mts), tem “repechos” duros (um máximo de 19%) e é bem longa (31.550 mts a 5,4%), tratando-se de uma pura categoria especial.
Paro, estico as pernas, dou uns saltos, mastigo uns hidratos, e lá vou eu ao martírio que desejo desde que tive conhecimento da asfaltagem da estrada de São Bento, debaixo de uns incríveis 31 (!) graus de temperatura atmosférica. Enveredo pela estradita para Cabeça que, na carta militar, me parecia bem mais dura que a do Alto do Carrazedo. E isso verifica-se logo nas rampas iniciais…
Os primeiros 8 quilómetros, até à aldeia de Cabeça, têm um relevo algo irregular, alternando rampas muito duras com descidas.
Á saída de Vide aqueço as pernas em 600 metros a 11%, segue-se uma ligeira descida, o pequeno povoado de Muro e uma terrível rampa, entre duas curvas, com 19% de inclinação máxima, que deixarão “pregados” os incautos fãs das relações pesadas que se aventurarem por este caminho serrano e não tomarem em devida atenção a designação da última aldeia...
Nova descida até Casal de Rei e nova rampa, até Cabeça, com um quilómetro acima dos 9%.
À entrada de Cabeça, e após 8 Kms “esquisitos”, seguem-se 5,5 Kms “regulares” a 8,5%, onde nunca se ultrapassam os 12%.
Após a rotunda da Portela do Arão, continuo pela belíssima estrada de São Bento, agora alcatroada e bem mais acessível do que quando era “selvagem”.
Este troço de 9,3 Kms a 7% tem alguma assimetria, alternando “descansos” com rampas a 14%, devidamente assinaladas. Tem a maior dureza já próximo da Lagoa Comprida, onde há dois Kms acima dos 11% e um outro, que supera os 10.
Na rotunda que se segue e já acima da Lagoa Comprida, ataco os derradeiros 9 Kms até à Torre, com um sobe e desce que não alcança os 4% de média. Aqui é o cansaço acumulado que dita leis.
Neste pedaço apanho novamente um frio de rachar (13º) e um nevoeiro cerradíssimo oriundo do Vale de Loriga e dos diversos covões. Trata-se do conhecido microclima “áspero” desta vertente virada para o mar e que por vezes faz das suas… E eu de manguinha curta… Brrrrrrrr…
Já na Torre paro no café local para retemperar do esforço ao que se segue a descida a Manteigas, pelo sempre esplendoroso vale glaciário e sob um solinho agradável que nada tem de semelhante com o nevoeiro que reinava do “outro lado”.






Em Manteigas meto pela via florestal (a alcatroada, não a famosa “parede” empedrada). Com rampas duras e em zig-zag, somando curva e contra-curva, lá vou progredindo, metro a metro. Ao passar a escola há uma rampa mantida a 14%. A cobertura vegetal proporcionada por árvores de grande porte e o incrível som das imensas aves que por aqui esvoaçam faz desta subida a que mais me agrada de entre todas as subidas da Serra da Estrela.
Após 4 duros Kms a 9% aparece o cruzamento da nacional oriunda de Manteigas que leva às Penhas Douradas a pendentes muito mais suaves. Os últimos quilómetros, já em descompressão, estão salpicados de bonitas paisagens e algumas casas curiosas, bem típicas das terras altas. Após o topo das Penhas Douradas desço o caminho pela margem direita da barragem do Vale de Rossim e dou por finalizada a etapa mais dura da minha vida





128,87 Kms com 3.694 mts de desnível acumulado, aproximadamente 30% de inclinação máxima superada, temperaturas entre os 13 e os 31 (!) graus, 196 bpm na aterradora “parede” da Lapa, 9 horas e 24 minutos a pedalar…
Um “tormento” a repetir e digno dos anais de qualquer “louco por cumes”

Serra da Estrela (dados das subidas realizadas):

Vila Cova à Coelheira – Lapa dos Dinheiros (monumento): distância – 5,42 Kms; altitude - 797 mts; desnível - 421 mts; pendente média - 7,8%; pendente máxima - ~30%; Km mais duro - >14,5%; Coef APM - 162; Coef APM a cada 100 mts – 173; observação: últimos 400 mts a 19% de inclinação média…

Lapa dos Dinheiros – Portela do Arão: distância – 7,86 Kms; altitude – 958 mts; desnível – 363 mts; pendente média - 4,6%; pendente máxima – 11%; Km mais duro - 6,4%; Coef APM - 57; Coef APM a cada 100 mts – 62.

Vide - Torre: distância – 31,55 Kms; altitude – 1.993 mts; desnível – 1.688 mts; pendente média - 5,4%; pendente máxima - 19%; Km mais duro - 11,5%; Coef APM - 415; Coef APM a cada 100 mts – 532; observação: subida com maior coeficiente APM de Portugal Continental.

Manteigas – Penhas Douradas: distância – 12,61 Kms; altitude – 1.518 mts; desnível – 726 mts; pendente média - 5,8%; pendente máxima – 14%; Km mais duro - 9,5%; Coef APM - 151; Coef APM a cada 100 mts – 166.

Os Cinco na Serra de Gredos - Pico Almanzor!



Acampamento em Hoyos del Espino.
Conquista da Plataforma de Gredos em BTT.
Conquista (dupla) do Pico Almanzor (2.592 mts) em inédita caminhada de puro montanhismo...


7 de Junho de 2007

Impulsionados pelo espírito aventureiro do companheiro Álvaro Henrique, arrancamos em direcção à Serra de Gredos (Espanha) para embarcar numa aventura com inúmeras surpresas e sustos e que nos faz hoje reflectir sobre a força da mãe Natureza face ao destemido Homem…

Montamos a barraca no Parque de Campismo de Hoyos del Espino, o mais próximo da Plataforma de Gredos.



Com o “bicho a roer” pegamos nas bikes e vamos dar uma voltinha escolhendo os trilhos à la carte. O Henrique demonstra-nos a bela arte da leitura de cartas militares, pelo que só nos perdemos umas quatrocentas vezes…




Depois de uma longa descida num single-track torneado por um rio e passando uma pontezita, só nos resta … subir!
E lá vamos, os cinco, pedalando vagarosamente até à Plataforma de Gredos, que alcançamos ao pôr-do-sol.
Retornamos à base e, após algumas indecisões, acabamos por ir jantar “Shreck” ao Parador Nacional da Serra de Gredos. Um autêntico pitéu… para quem apreciar a cor do prato… É que substância orgânica tragável, nem vê-la…
O Pedro, todavia, deglutia o jantar com “prazer” e deliciou-se com a orelha do animal!! A gargalhada foi tanta, durante o manjar, que jamais o esqueceremos (tal como os restantes clientes e colaboradores lá do sítio).

Na sexta de manhãzinha, ainda a chorar a larica do jantar, vamos de carro até à Plataforma, metemos as mochilas às costas e vai disto até lá acima! Objectivo: Pico Almanzor, ponto mais alto da Península Ibérica a 2.592 mts de altitude.


Após caminhada até ao Refúgio, no sopé do majestoso Circo de Gredos, viramos montanhistas (profissionais, segundo observação de um batido lá da montanha!!) e lá vamos calcorreando a inclinada escarpa que se nos depara.
A coisa começa dócil, mas rapidamente se torna muito exigente a nível físico e mental. O topo parece estar ali mesmo à mão… fartamo-nos de caminhar… e ele continua ali… mesmo à mão… mas nunca mais o alcançamos…





Após umas horitas atacamos aquele que nos parece o ponto mais alto, mas, já no topo… surpresa!! O verdadeiro Almanzor é o pico ao lado, ali a uns míseros metros, mas com uma ravina de permeio…
Toca a descer a ravina e a subir o pico correcto. Andamos para ali às voltas mas concluímos que sem cordas é muito perigoso subir os últimos metros, pelo que nos ficamos pelo Corno do Almanzor (uma curiosa saliência na base do pico).


O Pedro, de “raiva”, hasteie-a a “bandeira” naquele local e dá-se o regresso ao Refúgio.
Mas, em vez de regressarmos pelo mesmo caminho, não… Tentamos descer por uma ravina que parece ir dar direitinho ao refúgio! E pior… Separamo-nos!!
Eu, o Henrique e o Isidoro aventuramo-nos por uma ravina toda manhosa que, lá ao fundo, se revela impossível de transpor sem equipamento de rappel e nos obriga a subir de novo ao Almanzor, sob uma horrível chuva fria, para descer pelo caminho que havíamos subido inicialmente…
O Pedro e o Álvaro optaram por outro precipício, onde, segundo consta, o segundo mostrou ao primeiro os seus dotes de magnífico escalador…
Deu para reter que não se pode brincar em alta montanha e parece-me que todos tirámos uma grande lição desta façanha “inconsciente”.
Já juntos, no Refúgio, ainda deu para soltar uma graçolas de descompressão, com o guarda lá do local a referir que pensava sermos profissionais de alpinismo!! E o mais experiente parecia ser o Álvaro!!


Para terminar em grande, ainda deu para o Álvaro dar uma valente coça aos “velhotes” num sprint vigoroso até à placa informativa do Circo de Gredos. Quem parece não ter visto muito bem a graça da coisa foi o Pedro, que carregava encosta acima toda a tralha do Álvaro, que jurava a pés juntos estar muito cansado…
Este companheiro é um fartote! E lá teve de voltar a carregar as suas coisas, mas com o espírito revigorado com tão retumbante vitória ao sprint!!
Para o dia final, e derivado do valente “empeno” de que todos padecíamos, ficou reservada uma voltinha de bike pela bonita cidade de Ávila. Ainda deu para ficar com uma vaga ideia da arquitectura e do ambiente artístico do local.




Nesta aventura por terras de nuestros hermanos estiveram os “montanhistas”:
Álvaro Henqique, o das cartas; Álvaro Vieira, o do sku; Isidoro Silva, o do farnel; Pedro Marques, o do Shreck; Gonçalo Pinto, o das fotos.



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