sábado, fevereiro 23, 2008

A queda de um “mito”…




Sábado, 9 de Fevereiro de 2008

A “coisa” “azedou” logo à partida, tendo em conta os três “desgraçados” que compareceram no Nanni: eu, o Hugo e o Alex
Dando primazia aos bitaites trocados no site dos Infantrilhos, o Roteiro do dia era … o dos Cumes!
Para variar do “aziago” Roteiro original, propus realizarmos o percurso no sentido contrário, desafio que foi de imediato aceite. Como é óbvio não referi os dois “paredões” que teríamos de transpor … muuuuiiito devagarinho … ou a pé!!
Eleito o guia (como é que ainda caem nesta?!...), recorro à habitual táctica do Isidoro - QPM (Quanto Pior, Melhor!) - para não me enganar. A estratégia é muito simples: em caso de dúvida … sobe-se!! … e sempre pela vertente mais inclinada!!
Arrancamos em direcção à Manjoeira, por A-das-Lebres. Sempre em ritmo vivo chegamos a Pinteus e descemos ao Restaurante “Os Pneus”. Passamos a ponte do Trancão e trilhamos pela rampa dos drop’s que leva à Pedreira onde experimentamos um inédito sigle-track. Descemos a Pedreira pelo caminho cimentado e chegamos ao primeiro “mito” do dia: a “parede” da Central pela vertente do túnel da CREL.
O Hugo já não se recorda da última vez que conseguiu subir “aquilo” tudo montado, mas eu recordo-me perfeitamente que … nunca o fiz! O piso está aderente pelo que existe hoje uma boa oportunidade para uma estreia.
O Hugo vai na frente e passa o primeiro troço. Eu vou no encalço e passo também. O Alex é que não achou muita graça ao “degrau” ... e apeou.
Após a curva à direita e sempre no encalço do Hugo, preparo-me para o pior…
A “coisa”, medonha, ultrapassa os 30%... O 22x34 parece um 53x11… A “burra” parece furibunda… Um gajo pedala, pedala, pedala … e não sai do mesmo sítio… e a agonia tolda-nos o raciocínio…
Mas, de repente, a inclinação alivia… PASSÁMOS!! Foi a primeira vez na vida que consegui subir “aquilo” sem desmontar … e parece-me que a segunda que vi o Hugo ofegante!! Radiantes com o feito vamos conversando sobre esta rampa … e outras piores que agora se tornam alvo a abater (Bolores e Sardinhas).
Subimos ao Alto de Picotinhos, e alcançamos o Casal do Andrade pelo campo de tiro.
Trepamos ao Cabeço por um trilho à Isidoro e descemos a Torneiro seguindo para Lousa, de engano em engano… Tinha mesmo de ser… Pronto.
Nova rampa até Carcavelos, longa mas “possível”, onde brilhou o Alex a ensaiar novas técnicas de pedalada; subida ao topo de Montemuro e vertiginosa descida ao Vale do Inferno, via Choutaria.
Na subida de Monfirre começo a ter sensações de fadiga e entro em “poupança”, pois sei bem o que me espera, mas os meus companheiros parecem estar muito empolgados… Ai se soubessem o que aí vinha…
Ao chegarmos a A-dos-Cãos o Hugo tem de seguir por estrada devido a compromissos, escapando à “bonita” surpresa que lhe havia reservado...
No problem!! Não o esmifro a ele … esmifro o Alex!!
Iniciamos a subida após a aldeia e vou dizendo ao gajo onde a “coisa” vai começar a ter mais piada, mas ele parece não achar graça nenhuma…
Mais à frente aponto para o local, que se avista mesmo à nossa frente e ele continua a olhar-me com cara de poucos amigos… E parece-me até um pouco apreensivo!
Subitamente, uma cãibra manhosa “agarra-me” a coxa direita. Desmonto mais rápido que num dos meus famosos “mergulhos” e ando para ali aos saltos sob o olhar atónito do tipo. Após esta pausa (para respirar, eu admito…) lá torno a montar. No cruzamento sigo pela rampa “mais fácil”, pois já não estamos em condições de atacar os 30% do outro mito… Curva à direita… Curva à esquerda… Novamente à direita… E ela aparece!! Tão horrorosa como da última vez que a vi… E longaaaaaaa…
Para “animar” o Alex, que vinha a terminar a última curva, grito-lhe bem alto: “Não levantes a cabeça!”.
Começo a pensar nas palavras do grande Vieira: “Bolas pa estas “paredes”… Mas que gosto mais esquisito o teu…”
Quando já começo a desanimar meto-me a pensar no desgraçado do Alex que vem ali atrás… Talvez venha a espumar pela boca… A arrastar a língua pelo trilho, quem sabe… E não sei bem porquê (pois...) mas estes pensamentos deram-me um ânimo do diabo!! Eh, eh. E portanto, lá vai disto!
Sensivelmente a meio, já na fase mais inclinada (~25%), vejo um tronco atravessado a toda a largura do trilho. “Porreiro!”, penso, “Ora aqui está uma boa desculpa para desmontar!”. Mas não é que consegui passar o raio do tronco!! E, sendo assim, lá tive de continuar o malfadado “martírio”…
Já quase no topo oiço o Alex a barafustar com o tronco que o fez apear, começo-me a rir e enfio a bike no silvado da berma, pelo que tenho de apear também (Ufffff… Estava a ver que não… Obrigado camarada…).
Lá nos arrastamos até ao topo, com o Alex a puxar, pois eu já estou nas lonas; descemos a Vale de Nogueira e enfrentamos o último cume do dia: Montemor.
O Alex exclama: “Bolas!! Por ali?! Aquilo é muita inclinado!!” Mas, cheio de brio, lança-se ao “muro” que nem uma fera! Este camarada tem uma força que impressiona.
Eu, lá vou fazendo pela vida… Sinceramente, nem me lembro muito bem como correu esta derradeira subida, pois só recordo a felicidade que senti ao chegar ao topo…
Lá descemos até Loures e rapidinho para casa, pois de bicicleta, nem quero ouvir falar…


Dados das “paredes”:
- Central de Fanhões – vertente (túnel da CREL): distância - 1.300 mts, altitude – 259 mts; desnível – 187 mts; pendente média – 14,5%; pendente máxima - ~30%.
- Sardinhas – vertente (A-dos-Cãos II): distância - 1.400 mts, altitude – 257 mts; desnível – 173 mts; pendente média – 12,5%; pendente máxima - ~25%.

Este Roteiro foi “escalado” por: Alex, Hugo e Pinto.
59,35 Kms; 1.928 mts de ascendente acumulado; 12 Km/Hr de velocidade média; um mito “vergado”.

Nota: depois de tantos passeios com o “avozinho” (Lopes) já tinha saudades de fazer umas subiditas dignas desse nome… e sempre sem queixinhas (se calhar já ninguém tinha forças para isso…)
.
visitor stats
Motorola Razr
Phoenix Ancient Art