Évora, que miragem… ou o estoiro do costume!!
3 de Março de 2008
Bem, deixa cá esticar os dedos e ver se já consigo teclar…
snkfk nj TOU fjnakjs TODO kbvjbakdf FOD*** ennldk,mvli
Parece que sim!!
Então vamos lá:
A história de hoje é curta e original e obedece ao seguinte ditado: “Mostra-me o que treinas, dir-te-ei o que pedalas!”.
Após um louco desvario e demonstrando um optimismo exacerbado, decidi “acompanhar” os Selvagens do Asfalto na Clássica de Évora de 2008. São só uns 140 quilometrozitos, com uns topozecos, pelo que até a minha avó menos saudável, a marreca, está tentada a participar. Lá a convenço a ficar em casa mostrando-lhe que não tem o meu arcaboiço, conseguido com inúmeros passeios de fim de semana…
Desço até às bombas da BP, no Fanqueiro, e o ambiente já fervilha…
Dizem-me que vem uma equipa de Negrais, que vêm os Pina Bikers e mais uns outros. Eu fico incluido na equipa dos “Quem não pode … arreia!!”.
Após o cafezinho com o Farinha, que saiu a correr esbaforido para ir a casa tomar, ao que parece, uns comprimidos para a tosse convulsa, monto a “burra” e inicio a jornada na cauda do pelotão.
A minha táctica é complexa e muito bem elaborada: ir sempre na cauda do pelotão de maneira a … apear sem ninguém dar conta!!
Inicialmente o ritmo é “agradável” o que permite ir conversando com inúmeras criaturas (ao todo somos para aí uns 40…) que dividi em duas categorias: as que já espumavam pela boca e as que iam espumar pela boca.
Em Vila Franca de Xira devem ter tirado o açaime às alimárias lá da frente, pois lançaram o pelotão a mais de 40 à hora pelos “calhaus” da estrada principal… Lá consegui, com muita arte, mantê-los à vista e evitar chegar à ponte com as rodas quadradas…
Depois da ponte os “bichanos” acalmaram, permitindo a entrada de quem tinha perdido o contacto. Aqui, um nevoeiro frio e desagradável tornou-se companhia constante durante longos quilómetros.
Eu lá ia tentando encontrar quem conversasse comigo. Mas, poucos pareciam dispostos a gastar calorias para ir mexendo os maxilares... Só os mais “fortes” (Filipe, Steven, César…) se deram a esse “luxo”!! E o Nuno Garcia lá me ia dando inúmeros conselhos sobre a colocação no pelotão (não sei porquê, mas tenho uma tendência danada para “cair” na cauda do dito e desatar a pedalar atrás do gajo quando a coisa começa a "azedar"…).
Nas Taipadas pude parar para comer, devido ao furo de um companheiro. Depois lá retomámos a cavalgada a 30 à hora…
Estas rectas intermináveis são um bocado maçadoras e só os diálogos quebram a monotonia…
Em Pegões atraso-me um bocado, enquanto empurro pelo canal da couves uma barra nada apetitosa e no topo de Bombel tenho umas sensações estranhas nas pernas que não auguram nada de bom…
Abeiro-me do Filipe e digo-lhe que não duro muito mais, pois sinto que as minhas “amigas” vão visitar-me em breve…
Em Vendas Novas atraso-me de novo, enquanto engulo mais uma mistela intragável e pouco depois, em Silveiras, quando até estava bem integrado no pelotão, sou atacado por uma cãibra que teima em não me largar… Tenho de deixar de dar aos pedais, vendo todo o pelotão a passar por mim e na tentativa desesperada de alongar a perna, nova cãibra, agora na perna esquerda!
O conta-quilómetros vai “descendo” … 25 … 20 … 15 … 10 …
E eu sem conseguir tirar os pés dos pedais…
Tenho de imediato um dejá-vu de uma situação semelhante do passado e entro em pânico: “Queres ver que me vou esparramar ao comprido no asfalto?!...”
Finalmente, consigo sacar o pé esquerdo e ponho-me a alongar…
Tento montar uma primeira vez … cãimbra … desmonto … alongo … tento montar … cãibra … desmonto … alongo …
Quando já estava a entrar no ritmo deste ritual chega a “Pick Up vassoura” dirigida por um simpático camarada que me faz uma proposta irresistível: “Queres entrar?”.
Ainda tento montar mais uma vez … cãimbra … desmonto … alongo … e entro para a Pick Up!
O “meu salvador” ainda me pergunta se quero que me leve até ao pelotão, mas depois de sentar o rabo naquele banco tão confortável nem a ferros me tiravam dali.
Damos meia volta para ir ajudar dois companheiros atrasados que conseguiram estoirar ainda mais rapidamente do que eu!! Mas, eles ficam entregues à carrinha que já os acompanha.
Depois, passamos pelo pelotão, onde vai o grande Evaristo a puxar que nem um doido (ainda bem que só faz disto na estrada…) e onde está integrado o Filipe (na realidade a “minha equipa” do trilho).
Ao subir Montemor o pelotão fica todo estilhaçado. Lá vou “ajudando” o Filipe “veterano” a chegar à roda do Abel, mas isto é segredo, pois ele pediu-me para não dizer nada a ninguém…
O outro Filipe, "o necrófago", qual macaco de imitação, não pode ver um gajo sentado… E vai daí, só para fazer pirraça, senta também o rabo no belo estofo de uma carrinha.
Já em Évora, lá está o Farinha, com as graçolas do costume, intercaladas com o mastigar dos últimos comprimidos, os quais parecem tornar-se inócuos em percentagens de inclinação superiores a 2%...
O Freitas e o Pina também me parecem muito divertidos, enquanto falam de Pick Up’s, carrinhas, vassouras, cadeiras de rodas e outros artigos do género…
O Nuno Garcia também deve estar muito divertido, mas pelos vistos ninguém sabe dele, pois todos perguntam: "O Garcia já chegou?"
Também muito divertidos estão os veteranos Abel e Filipe que se fartam de meter comigo.
O Steven e o César pouco falam e parecem-me ... tão empenados como eu...
O Evaristo, esse está eufórico, rejubilando com a sua grande prestação, só possível com o inteligente jogo de equipa que eu e o Filipe fizemos ao entrarmos nas viaturas deixando todo o pelotão na expectativa…
Seguiu-se a almoçarada, para mim o melhor momento da jornada, e o retorno a Loures, de autocarro.
E lá foi mais um empeno, a repetir com toda a certeza, se até ao próximo não ganhar juízo…
Seguem os dados da minha “magnífica” prestação:
96 Kms a 31,6 Km/Hr de velocidade média na bicicleta, 44 Kms a 70 Km/Hr de velocidade média na Pick Up (esta acho que ninguém bateu…), 5 cãibras,1 estoiro monumental, 2 copos de vinho e mais umas comezainas…
Quem quiser ver este giro numa perspectiva da vanguarda do pelotão carregue aqui.
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Bem, deixa cá esticar os dedos e ver se já consigo teclar…
snkfk nj TOU fjnakjs TODO kbvjbakdf FOD*** ennldk,mvli
Parece que sim!!
Então vamos lá:
A história de hoje é curta e original e obedece ao seguinte ditado: “Mostra-me o que treinas, dir-te-ei o que pedalas!”.
Após um louco desvario e demonstrando um optimismo exacerbado, decidi “acompanhar” os Selvagens do Asfalto na Clássica de Évora de 2008. São só uns 140 quilometrozitos, com uns topozecos, pelo que até a minha avó menos saudável, a marreca, está tentada a participar. Lá a convenço a ficar em casa mostrando-lhe que não tem o meu arcaboiço, conseguido com inúmeros passeios de fim de semana…
Desço até às bombas da BP, no Fanqueiro, e o ambiente já fervilha…
Dizem-me que vem uma equipa de Negrais, que vêm os Pina Bikers e mais uns outros. Eu fico incluido na equipa dos “Quem não pode … arreia!!”.
Após o cafezinho com o Farinha, que saiu a correr esbaforido para ir a casa tomar, ao que parece, uns comprimidos para a tosse convulsa, monto a “burra” e inicio a jornada na cauda do pelotão.
A minha táctica é complexa e muito bem elaborada: ir sempre na cauda do pelotão de maneira a … apear sem ninguém dar conta!!
Inicialmente o ritmo é “agradável” o que permite ir conversando com inúmeras criaturas (ao todo somos para aí uns 40…) que dividi em duas categorias: as que já espumavam pela boca e as que iam espumar pela boca.
Em Vila Franca de Xira devem ter tirado o açaime às alimárias lá da frente, pois lançaram o pelotão a mais de 40 à hora pelos “calhaus” da estrada principal… Lá consegui, com muita arte, mantê-los à vista e evitar chegar à ponte com as rodas quadradas…
Depois da ponte os “bichanos” acalmaram, permitindo a entrada de quem tinha perdido o contacto. Aqui, um nevoeiro frio e desagradável tornou-se companhia constante durante longos quilómetros.
Eu lá ia tentando encontrar quem conversasse comigo. Mas, poucos pareciam dispostos a gastar calorias para ir mexendo os maxilares... Só os mais “fortes” (Filipe, Steven, César…) se deram a esse “luxo”!! E o Nuno Garcia lá me ia dando inúmeros conselhos sobre a colocação no pelotão (não sei porquê, mas tenho uma tendência danada para “cair” na cauda do dito e desatar a pedalar atrás do gajo quando a coisa começa a "azedar"…).
Nas Taipadas pude parar para comer, devido ao furo de um companheiro. Depois lá retomámos a cavalgada a 30 à hora…
Estas rectas intermináveis são um bocado maçadoras e só os diálogos quebram a monotonia…
Em Pegões atraso-me um bocado, enquanto empurro pelo canal da couves uma barra nada apetitosa e no topo de Bombel tenho umas sensações estranhas nas pernas que não auguram nada de bom…
Abeiro-me do Filipe e digo-lhe que não duro muito mais, pois sinto que as minhas “amigas” vão visitar-me em breve…
Em Vendas Novas atraso-me de novo, enquanto engulo mais uma mistela intragável e pouco depois, em Silveiras, quando até estava bem integrado no pelotão, sou atacado por uma cãibra que teima em não me largar… Tenho de deixar de dar aos pedais, vendo todo o pelotão a passar por mim e na tentativa desesperada de alongar a perna, nova cãibra, agora na perna esquerda!
O conta-quilómetros vai “descendo” … 25 … 20 … 15 … 10 …
E eu sem conseguir tirar os pés dos pedais…
Tenho de imediato um dejá-vu de uma situação semelhante do passado e entro em pânico: “Queres ver que me vou esparramar ao comprido no asfalto?!...”
Finalmente, consigo sacar o pé esquerdo e ponho-me a alongar…
Tento montar uma primeira vez … cãimbra … desmonto … alongo … tento montar … cãibra … desmonto … alongo …
Quando já estava a entrar no ritmo deste ritual chega a “Pick Up vassoura” dirigida por um simpático camarada que me faz uma proposta irresistível: “Queres entrar?”.
Ainda tento montar mais uma vez … cãimbra … desmonto … alongo … e entro para a Pick Up!
O “meu salvador” ainda me pergunta se quero que me leve até ao pelotão, mas depois de sentar o rabo naquele banco tão confortável nem a ferros me tiravam dali.
Damos meia volta para ir ajudar dois companheiros atrasados que conseguiram estoirar ainda mais rapidamente do que eu!! Mas, eles ficam entregues à carrinha que já os acompanha.
Depois, passamos pelo pelotão, onde vai o grande Evaristo a puxar que nem um doido (ainda bem que só faz disto na estrada…) e onde está integrado o Filipe (na realidade a “minha equipa” do trilho).
Ao subir Montemor o pelotão fica todo estilhaçado. Lá vou “ajudando” o Filipe “veterano” a chegar à roda do Abel, mas isto é segredo, pois ele pediu-me para não dizer nada a ninguém…
O outro Filipe, "o necrófago", qual macaco de imitação, não pode ver um gajo sentado… E vai daí, só para fazer pirraça, senta também o rabo no belo estofo de uma carrinha.
Já em Évora, lá está o Farinha, com as graçolas do costume, intercaladas com o mastigar dos últimos comprimidos, os quais parecem tornar-se inócuos em percentagens de inclinação superiores a 2%...
O Freitas e o Pina também me parecem muito divertidos, enquanto falam de Pick Up’s, carrinhas, vassouras, cadeiras de rodas e outros artigos do género…
O Nuno Garcia também deve estar muito divertido, mas pelos vistos ninguém sabe dele, pois todos perguntam: "O Garcia já chegou?"
Também muito divertidos estão os veteranos Abel e Filipe que se fartam de meter comigo.
O Steven e o César pouco falam e parecem-me ... tão empenados como eu...
O Evaristo, esse está eufórico, rejubilando com a sua grande prestação, só possível com o inteligente jogo de equipa que eu e o Filipe fizemos ao entrarmos nas viaturas deixando todo o pelotão na expectativa…
Seguiu-se a almoçarada, para mim o melhor momento da jornada, e o retorno a Loures, de autocarro.
E lá foi mais um empeno, a repetir com toda a certeza, se até ao próximo não ganhar juízo…
Seguem os dados da minha “magnífica” prestação:
96 Kms a 31,6 Km/Hr de velocidade média na bicicleta, 44 Kms a 70 Km/Hr de velocidade média na Pick Up (esta acho que ninguém bateu…), 5 cãibras,1 estoiro monumental, 2 copos de vinho e mais umas comezainas…
Quem quiser ver este giro numa perspectiva da vanguarda do pelotão carregue aqui.
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12 Comments:
Sem dúvida, a melhor crónica que li nos ultimos tempos sobre a ida a Évora.
Ainda bem que a minha pequenina (a Leonor de 3 meses) já conseguiu meter algum juízo na minha cabeça de ex- desvairado do pedal.
Continua Pintainho, porque esse deverá ser mesmo o espírito da coisa.
Um abraço e bons passeios,
Miguel
Bela crónica senhor Pinto, só a parte da carrinha não era para dizer, mas tu tens a mania de ver tudo. Ou melhor quase tudo na Lousã tiveste a vista um pouco turva!!!
Biker
Grande Miguel, obrigado pelos elogios.
Não sabia que tinhas sido pai recentemente, mas aqui vão os meus parabéns atrasados (para estarem coerentes com as minhas aventuras como “aguadeiro” :) ).
Na verdade, às vezes há “pequenas coisas” que nos levam a redefinir prioridades!
Abraço
É verdade, é verdade!!
Ás vezes fico com severos problemas de visão!!
Vou tentando ver tudo o que se vai sucedendo, mas às vezes não é possível... E já que referes a recente aventura na Serra da Lousã (com crónica indispensável) vi perfeitamente que cheguei à tua frente ao Alto do Trevim!! Mas depois, fui ficando com a visão turva e a memória afectada, pelo que não recordo bem do que se passou no final… :)
Será que aconteceu algum facto realmente relevante?? :)
Vista curta??? ....Trevim?? uuuuuiiii... Conta-me tudo ó Filipe, conta-me tudo que cheira-me que há aí matéria que o Pinto anda a esconder....
Quanto ao "empeno" em Évora, aquilo foi um sinal de Deus para não te desviares para os caminhos fáceis e pecaminosos da estrada...
Pedro Lopes
No Trevim o senhor Pinto, fruto da sua leveza chegou de facto 5 metros á minha frente e do Isidoro.
Ficou espantado quando ouviu a minha voz e lá teve de fazer um sprint na pista de aviação para não ser humilhado.
Mas o resto da volta é que foi interessante, tanto as deschidas como as subidas heheh.
Como não quero ferir susceptibilidades não conto mais nada, de certeza o Pinto conta tudinho.
Biker
Esta minha cabeça não anda bem, tinha-me esquecido de dizer "Como é bom olhar para trás numa subida e ver uma ave pendada a arrastar-se com o coração a sair pela boca"
Biker
“Empeno” de Évora??!!
O que se passou??!!
Não sei de nada!!
Acho muito bem que não contes nada.
Podem estar descansadinhos da vida que eu vou contar (quase) tudo… :)
... e não tenho bem a certeza se era o coração a sair pela boca … ou a boca a sair pelo coração…
A vida é feita de empenos, por vezes aparecem sem contarmos com eles, mas são esses que nunca se esquecem.
Mais um relato daqueles que não dá para parar de ler,muito bom.
Abraço e bons cumes.
Amigo Ferrão
O Problema é que a vida velocipédica do Gonçalo é feita de empenos e se ele não os esquecesse logo ficava com a memória tão cheia que já nem espaço tinha para memorizar o caminho para casa :):):)
Pedro Lopes (sim... aquele q nunca empenou)
Quero aqui dar as boas vindas ao autor do último comentário… Inicialmente ainda pensei tratar-se do fraq… hummm … do amigo Pedro Lopes…
Mas, após ler o seu “cognome” (“…aquele que nunca empenou…), não tenho qualquer dúvida de que se trata de um qualquer homónimo… Bem vindo!!
Uma curiosidade: ouvi para aí uns comentários rasteiros, muita manhosos e, sem qualquer dúvida, provenientes de mentes maquiavélicas e desprovidas de qualquer piedade, acerca de um pedalante que chegou ao cúmulo de trocar de residência para se livrar da fama de fraquinho e de ter terror de subidas…
Alguém ouviu alguma coisa?!
Mais uma dúvida: alguém sabe se lá p'rás novas bandas do Lopes há trilhos porreiros??... :)
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